Estes ensaios são destinados a demonstrar a integridade do cabo elétrico de média tensão e seus acessórios (terminais e emendas) durante a instalação e após esta ter sido concluída.
Os cabos elétricos para média tensão, após sua fabricação, são submetidos a ensaios de rotina de tensão aplicada e descargas parciais que atestam a qualidade da produção do lote de fabricação mais durante o ciclo desde o transporte ao término da instalação falhas podem ser introduzidas, principalmente por manuseio inadequado e danos mecânicos, levando a que o sistema de cabos deva ser testado quanto a sua integridade antes de ser energizado.
Já os terminais e as emendas por sua vez, são instalados no campo e tem alta intensidade de mão de obra e por mais que possuam componentes pré-fabricados exigem sua instalação e montagem no campo por eletricistas e devem ser testadas eletricamente antes de entrar em operação.
De acordo com a NBR 7286, para cabos em HEPR e NBR 7287, para cabos em XLPE, os cabos de potência em qualquer ocasião durante a instalação podem ser submetidos a um ensaio de tensão elétrica contínua de valor conforme a tabela 1 a seguir durante 5 minutos, caso ocorra algo fora do normal e se queira tirar alguma duvida, até aquele ponto da instalação, se os cabos sofreram algum dano.
Após a conclusão da instalação do cabo e seus acessórios, e antes destes serem colocados em serviço, é previsto um teste final da instalação onde é aplicada uma tensão elétrica contínua de valor dado na tabela 1 durante 15 minutos consecutivos.
As Normas preveem ainda que após o cabo e seus acessórios terem sido colocados em serviço, em qualquer ocasião, dentro do período de garantia, pode ser aplicada uma tensão elétrica contínua de valor conforme tabela 1 durante 5 minutos. Este é um caso típico de um circuito, que dentro de seu período de garantia, foi expandido através de novos trechos que se testados em conjunto devem ter o seu tempo de tensão aplicada reduzido para 5 minutos.
Tabela 1 – Valores de tensão de ensaio (kV)
Os ensaios com corrente contínua (HiPot) aplicados a cabos com isolação extrudada, principalmente de instalações antigas, podem causar o seu envelhecimento precoce e falhas prematuras.
Os cabos com isolação em EPR e particularmente em XLPE, de instalações antigas, são susceptíveis a formação de “electrical e water trees” que alteram a distribuição do campo elétrico no interior da isolação do cabo quando sujeito a campos elétricos contínuos (que são função da resistividade elétrica do meio) e logo surgem altas concentrações de campo CC em pontos da isolação contendo “canais de trees”.
Com isso, cabos sujeitos a campos corrente alternada, onde a distribuição de campo elétrico se dá através de sua permissividade e não estariam sujeitos a concentração de campo elétrico e que teriam ainda uma longa vida, consequentemente podem vir a falhar em um teste de tensão em corrente continua, onde concentrações de campo elétrico podem estar presentes nos locais da isolação contendo “electrical ou water trees”.
Uma alternativa aos ensaios de corrente continua são os ensaios de VLF (very low frequency) que muitas vezes são especificados por ser menos prejudiciais que os equivalentes em corrente continua e permitem, de certa forma, a compactação dos equipamentos de teste.
Quando se efetua manutenção ou expansão em redes antigas e não se dispõe de equipamento VLF, para se ter um parâmetro de avaliação, é recomendável que a instalação, nesses casos, contendo cabos e acessórios novos em conjunto com cabos antigos seja testada através de sua energização, sem carga, por um período contínuo de 24 horas.
Se a expansão for significativa a parte nova da rede pode ser testada separadamente, segundo o critério normativo e apenas a junção com a rede antiga deve seguir o critério de energização, sem carga, por 24 horas.
Com esta prática se permite verificar se cabos e acessórios (terminais e emendas) não apresentam falhas incipientes e previne, quase sempre, que processos não sejam interrompidos logo que postos em operação, sem o risco de se introduzir defeitos precoces nas redes antigas provenientes da aplicação de tensões de corrente continua.
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